sábado, 28 de abril de 2012

FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DO ZINCO NA SÍNDROME DE DOWN






O papel do zinco na nutrição humana tem sido cada vez mais ressaltado, e tem havido um progresso dos conhecimentos no que diz respeito aos aspectos bioquímicos, imunológicos e clínicos. A importância desse mineral foi demonstrada com a descoberta de processos metabólicos, envolvendo esse nutriente em diversas atividades enzimáticas. Ele participa do metabolismo energético, como componente catalítico de mais de 300 metaloenzimas nos tecidos humanos, e como componente estrutural de diversas proteínas, hormônios e nucleotídeos.
Entre as enzimas das quais o zinco faz parte estão a anidrase carbônica, que foi a primeira dependente de zinco a ser descoberta, além da proteína C quinase, fostatase alcalina, carboxipeptidases, álcool desidrogenase, superóxido dismutase e transcriptase reversa.
A participação do zinco nos sistemas enzimáticos envolvidos na síntese e degradação de proteínas e na transformação de carboidratos em lipídios e ácidos nucléicos, demonstra a essencialidade desse mineral para o crescimento, a reprodução e a maturação sexual. Nesse sentido, já foi demonstrado, por meio de diversas pesquisas, o papel do zinco na organização polimérica de macromoléculas, como DNA (ácido desoxiribonucléico) e RNA (ácido ribonucléico), sendo indispensável para a atividade de enzimas envolvidas diretamente com a síntese de DNA e RNA, como, por exemplo, a RNA polimerase.
Nessa abordagem, a importância do zinco na nutrição humana é notada não somente para o crescimento e desenvolvimento normais, mas também para a imunidade, defesa antioxidante, manutenção do apetite, do paladar, da capacidade de cicatrização de feridas e para a visão noturna.
O zinco contribui na estabilização de membranas estruturais e na proteção celular, prevenindo a peroxidação lipídica. O papel fisiológico desse mineral como antioxidante é evidenciado, fundamentalmente, por dois mecanismos: proteção dos grupos sulfidrilos contra oxidação e inibição da produção de espécies reativas de oxigênio por metais de transição, reforçando, assim, o papel do zinco como estabilizador da membrana plasmática e de outras membranas e organelas encapsuladas.
Pesquisas demonstram que a quantidade de zinco presente na dieta pode influenciar a expressão gênica, podendo ser diretamente, por meio de ligação com fatores de transcrição, ou estimulando mediadores secundários. Hempe & Cousins, em 1992, também verificaram que a manutenção e a replicação do material genético (DNA e RNA) e o uso de informação genética para gerar proteínas específicas eram também dependentes desse mineral.
Os resultados de vários estudos demonstram a importância da proteção dos grupos tiol na tradução do sinal da insulina, sendo que o zinco participa nessa proteção e, assim, exerce um efeito benéfico adicional sobre a sensibilidade tecidual a esse hormônio. A importância desse mineral na proteção dos grupos tiols, em conjunto com outros mecanismos de interação do zinco e metabolismo de glicose, abre perspectivas para a sua utilização em pacientes diabéticos, para melhorar o controle metabólico, ou em estágios de intolerância à glicose, para impedir a progressão para o diabetes.
Vários trabalhos têm demonstrado alterações na distribuição tecidual de zinco em indivíduos que apresentam Síndrome de Down (SD), o que exerceria papel de extrema relevância em grande parte das manifestações clínicas dessa síndrome.
A avaliação do estado nutricional relativo ao zinco em indivíduos portadores de SD, tem sido conduzida utilizando diversos parâmetros bioquímicos, quais sejam: plasma, soro, cabelo, saliva, eritrócito e urina.
O interesse pelo desenvolvimento de estudos sobre zinco e Síndrome de Down baseia-se no fato desse mineral ser importante para várias funções orgânicas, as quais encontram-se alteradas em indivíduos portadores dessa síndrome, como, por exemplo, aquelas desenvolvidas no sistema imune, endócrino e hematológico.
Os estudos que relacionavam esse mineral com a Síndrome de Down sugeriam que as alterações encontradas na sua distribuição tecidual estariam relacionadas com distúrbios na atividade dos hormônios da tireóide, principalmente no que diz respeito à ação desses hormônios nos tecidos.


FONTE:

MARQUES, Raynério Costa. MARREIRO, Dilina do Nascimento.Aspectos metabólicos e funcionais do zinco na Síndrome de Down. Revista Nutrição. vol.19 no.4 Campinas July/Aug. 2006


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